A curadoria da exposição é de Lauro Cavalcanti, diretor do Centro Cultural Paço Imperial, unidade especial do Iphan. "Ele criou a linguagem moderna do paisagismo, ao trazer a estética da pintura da geração dele para o paisagismo", diz Lauro Cavalcanti, curador da exposição.
A descoberta das plantas tropicais aconteceu no Jardim Botânico de Berlim, enquanto Burle Marx pintava, durante o período em que morou na Alemanha para fazer um tratamento nos olhos. Segundo o curador da vernissage, Burle Marx "mostra que as plantas tropicais, que antes eram discriminadas até pelos próprios brasileiros, são nobres e suficientemente bonitas para estar na paisagem".
Autor de mais de três mil projetos de paisagismo em 20 países, Burle Marx também era pintor e designer de joias, ceramista, tapeceiro, autor de cenários e figurinos para teatro e óperas, músico e ecologista desde os anos 70. Ele nasceu em São Paulo em 1909 e faleceu no Rio em 1994. Burle Marx é considerado um dos maiores paisagistas do século XX.
Roberto Burle Marx era autodidata em paisagismo. Estudou pintura na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio, com Cândido Portinari, e com Degner Klemn, em Berlim, em 1928, quando começou a se interessar por plantas.
Lauro Cavalcanti diz que o artista usava a planta "como pigmento". O que se confirma nas palavras de Burle Marx: ".... No momento em que vou combinar plantas, estou pensando em cor, volume e ritmo. Decidi-me a usar a topografia natural como uma superfície para a composição e os elementos de natureza encontrada - minerais, vegetais - como materiais de organização plástica, tanto e quanto outro artista procura fazer sua composição com a tela, tintas e pincéis."
O sítio Santo Antônio da Bica, em Guaratiba (RJ), lugar de plantio, pesquisa e experimentos com espécimes vegetais, e residência de Burle Marx até o fim de sua vida, foi doada por ele ao estado do Rio. Hoje, a propriedade pertence ao Iphan, funciona como museu e reúne uma das mais importantes coleções de plantas tropicais do mundo, com cerca de 3.500 espécies brasileiras e de localidades como Indonésia e Havaí.
Alguns projetos
Uma preferência de Burle Marx era a realização de projetos de grandes áreas. Ele acreditava que isso trazia liberdade de escolha de opções e desenvolvimento de novas idéias que dessem qualidade de vida aos habitantes da cidade grande.
Segundo ele, o paisagismo deve atender a "uma necessidade estética que não é luxo nem desperdício, mas necessidade absoluta da vida humana, sem o que a própria civilização perderia sua razão estética".
Entre essas obras estão o City Centre Park, de Kuala Lumpur, Malásia, em 1993, sua última obra; o Parque Del Este, em Caracas, Venezuela; Parque do Flamengo e Calçada da Atlântica no Rio de Janeiro; Parque do Ibirapuera e Jardim Botânico, em São Paulo, do Parque Zoobotânico, em Brasília, jardins da Pampulha, e do pioneiro Parque de Araxá, realizado nos anos 40.
No mundo, estão os jardins da Unesco, em Paris; o Biscayne Boulevard, em Miami, em que criou áreas para circulação de pedestres e usou a flora tropical na constituição de campos abstratos de cor; os jardins do prédio do Centro Georges Pompidou, em Paris; o Jardim Memorial na Praça Rosa de Luxemburgo, em Berlim; o Jardim das Nações, em Viena, e os jardins do edifício da Organização dos Estados Americanos -- OEA, em Washington.
Adélia Soares
Informações: Portal Iphan
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