terça-feira, 12 de outubro de 2010

Os números que prejudicam o turismo

Se pensa que vou falar do poder econômico do turismo ou da geração de emprego e renda, ou ainda, da cadeia produtiva da atividade nem continue a ler.

Os números do turismo que vou falar são aqueles que assumem a nossa identidade. Não entendeu? Então vou lhe contar uma historinha…

Era o dia da minha viagem. Na hora certa eu estava lá para fazer o check-in. Estava com o RG e o bilhete. A moça que me atendeu - muito educada, olhou mais para o número da passagem do que para o RG e falou: boa viagem, dirija-se ao portão 3, às 13:30, poltrona 23E.

Pronto já virei um número a partir daí! Agora, nesse meu universo - que no momento é o aeroporto - só o que importa é o meu cartão de embarque. Sem ele desapareço, sumo.

Dúvida? Cotinue lendo…

A senha para entrar no salão de embarque é: o cartão de embarque. Entro e me dirijo ao portão 3. Em seguida a comissária fala ao microfone: “Atenção passageiros do vôo 131 com destino a Belo Horizonte, passageiros dos assentos 1A a 15 E, se posicionem numa fila a esquerda, passageiros dos assentos 16 E a 28F à direita para o embarque. Agora sou 23E!

Ao entrar na aeronave, sento-me na minha poltrona 23E. Ao meu lado um senhor muito simpático da 22E reclama sobre o espaço entre as poltronas. Concordei na hora. Foi dada a largada da minha amizade com 22E. Conversa vai, conversa vem sobre o desconforto das aeronaves, aí falo que queria uma água para tomar um remédio. Ele prontamente diz: "Ah, vou ao toilette e aviso a aeromoça." E assim o fez: "Olha, aquela senhora 23E quer uma água."

Chegamos ao destino. Entro no táxi falo o endereço do hotel, o motorista me pergunta: "Rua tal que NÚMERO, senhora?"

Ao fazer o check-in no hotel: "Boa tarde, senhora! Por favor o NÚMERO da sua reserva?"

Aí logo depois: "Boa estada, seu apartamento é o 201. Agora sou 201!"

No outro dia no café da manhã: "Bom dia, senhora. Por favor, o número do seu apartamento?" Depois de conferir - o NÚMERO - posso entrar no salão do café da manhã.

Quando desço, o táxi que pedi já está lá, o motorista diz: "Vim pegar a hóspede do 201!"

Saio vou fazer umas visitas na cidade. Estava a trabalho, não deixo de ser turista. Escolho um restaurante para almoçar. Quando chego quem eu encontro: Sr. 22E! Uma festa: "Ohhhhhhhh a senhora por aqui!" Era um restaurante Self Service, havia uma pequena fila de espera. Recebemos uma ficha com um número, ficamos esperando a mesa e conversando. Aí a moça chamou números: 16 e 17 mesa 4. Almoçamos e na saída ele disse: "Como é o seu nome?" Respondi: "Eliane." Ele: "Tchau Eliane, foi uma satisfação!"

Ahhhhhhhhhhhh nem acreditei… em 1 dia e meio foi a primeira vez que ouvi meu nome. Foi música para os meus ouvidos.

É o som que deveria dominar o turismo. É a música que todos querem ouvir. A orquestra do turismo precisa urgentemente mudar o ritmo: depende de nós!

Um comentário:

Andrea Gondim disse...

Mostra a realidade na qual vivemos. Incrível, as vezes nem atentamos para tal, mas nos transformamos em meros números em diversas ocasiões. Adorei este post.