O fato é que estamos numa luta, e não é de hoje, usando diferentes estratégias, de modo pensado e organizado para defender a pesca legal da lagosta, contra a pesca predatória. Temos nos reunido, quase que diariamente, durante todo o paradeiro, com autoridades do município e de outras esfera do governo, principalmente o Ibama, mas pouco temos conseguido efetivamente. A área de pesca da Redonda é permanentemente invadida pelos barcos que pescam ilegalmente com compressores. Esses barcos são, principalmente, das praias vizinhas do próprio município de Icapuí.
Lutamos pela pesca artesanal de manzuás, que é o único jeito sustentável de pescar lagosta. Denunciamos que os invasores também pescam no período do defeso, que as marambaias também são proibidas, ou não são? E, principalmente, protestamos contra o erro de chamar quem está defendendo o seu direito de uma pesca legal, para a sua própria sobrevivência, de criminoso, fazendo o invasor, o pescador ilegal, de vitima, enquanto as autoridades não tomam atitude certa.
Também é preciso que fique claro que por traz dos grandes lucros que os pescadores ilegais almejam na pesca predatória, está quem compra e exporta essa lagosta. Esses também não têm nenhuma consideração com a sobrevivência, nem da lagosta, nem do pescador artesanal legal.
Eles acham, provavelmente com apoio dos exportadores, que tem todo direito de manter os seus costumes de conseguir grandes lucros, mesmo com equipamento ilegal, e não querem aceitar uma vida mais humilde e legal, como significa a pesca de manzuás hoje, quando o recurso está em vias de extinção. Essa, que os redondeiros estão praticando e defendendo.
Tememos que este ano a produção de lagosta seja ainda menor que em 2009 – que já foi muito ruim para nós. Será que vamos chegar a ver o que os pesquisadores já apontam: que a lagosta vai se acabar no nosso litoral? É contra essa previsão que lutamos como lutamos pela nossa vida e de nossos filhos e filhas.
A nossa luta aponta para a necessidade da criação de uma Reserva Extrativista – uma área marinha protegida do litoral leste do Ceará, a exemplo do que já conquistou Batoque e a Prainha do Canto Verde. A preservação dos recursos pesqueiros do nosso litoral é vital para a manutenção da vida das famílias de pescadores, em comunidades que ainda lutam por permanecer nos seus lugares de origem. Assim, elas resistem bravamente para não serem banidas de lá evitando aumentar as estatísticas de bolsões de pobreza nas cidades, marginalidade e violência.
As lutas por direitos dizem respeito a cada um de nós e não devem ser banalizadas, principalmente pela mídia que tem o papel não só de informar, mas de formar cidadãos críticos e amantes da verdade.
Fonte: http://www.acidadeicapui.com.br/
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