Rio de Janeiro - Entre agosto de 2010 e fevereiro deste ano, mais de 190 mil pessoas foram ao Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, para visitar a exposição Fernando Pessoa, Plural como o Universo. Agora, a mostra que celebra a obra de um dos maiores poetas da língua portuguesa chega ao público carioca, no Centro Cultural Correios, onde pode ser vista até 22 de maio, com entrada franca.
Com curadoria de Carlos Felipe Moisés e Richard Zenith e cenografia do premiado Hélio Eichbauer, a exposição conduz o visitante a uma viagem sensorial pelo universo de Pessoa e de seus heterônimos mais conhecidos, criações do poeta que tinham identidade própria: Alberto Caeiro, o poeta da natureza; Ricardo Reis, médico e discípulo de Caeiro; Álvaro de Campos, engenheiro de educação inglesa e origem portuguesa, e Bernardo Soares, do Livro do Desassossego.
A preocupação dos curadores foi a de tornar a exposição atraente mesmo para os que não têm um conhecimento prévio da obra do poeta. “Nosso propósito básico é levar Fernando Pessoa à vida do cidadão que não o conhece, e que, portanto, encontrará uma linguagem acessível”, afirma Carlos Felipe Moisés. Ele ressalta, no entanto, que aqueles já familiarizados com o universo do poeta terão na mostra a chance de descobrir aspectos e conceitos novos. “A convivência com a obra de Pessoa deve ser feita em etapas, para melhor assimilá-la”.
O projeto cenográfico de Hélio Eichbauer, inspirado em um dos livros do poeta, Mensagem, tem como identidade visual o mar e os diferentes tons de azul da água e do céu, o que remete à época dos Descobrimentos e das grandes conquistas de Portugal. “A ideia é sugerir viagens mentais e espirituais, em torno das ruas de Lisboa, das aventuras dos heterônimos e do próprio Fernando Pessoa”, diz o cenógrafo.
Ainda como parte da concepção cenográfica, há um grande pêndulo representando o tempo. Ao lado dele, trechos de poemas são projetados e apagados pelo mar em tanques virtuais de areia. Ao fundo, como se fossem duas janelas, são projetados dois vídeos, um deles mostrando pessoas, em meio a uma multidão, recitando Pessoa.
Também fazem parte da mostra algumas relíquias bibliográficas, como a primeira edição do livro Mensagem, o único publicado em vida por Fernando Pessoa, e os primeiros números da revista Orpheu, marco do modernismo em Portugal.
A exposição é uma realização da Fundação Roberto Marinho, com patrocínio de empresas privadas do Brasil e de Portugal e apoio de vários órgãos públicos, entre eles o Ministério da Cultura.
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