domingo, 31 de março de 2013

Couchsurfing, hospedagem gratuita pelo mundo



Em um primeiro momento, a ideia por trás do Couchsurfing pode parecer meio maluca: uma comunidade online na qual pessoas do mundo inteiro se dispõem a hospedar completos estranhos num cantinho de suas casas sem cobrar nada por isso, com o único objetivo de se beneficiarem da troca cultural proporcionada pela convivência, ainda que breve, com pessoas de outras partes do mundo.
Se essa é a primeira vez que você escuta falar sobre isso, eu sei o que você pode estar pensando: “Mas isso não é perigoso? E se eu acabar na casa de um psicopata?” ou que  “Jamais teria coragem de me expor ao risco de dormir na casa de um desconhecido”. Eu sei. Esses pensamentos macabros também passaram pela minha cabeça quando me contaram sobre o Couchsurfing. No entanto, basta um pouco de informação e pesquisa para que qualquer viajante independente comece a achar a ideia por trás dessa rede genial. Quer ver só? 
Em português, a expressão poderia ser traduzida para algo como “surfe de sofá”. A proposta é exatamente essa: os “surfistas” (aka viajantes-independentes-querendo-economizar-na-hospedagem) encontram pessoas no mundo inteiro dispostos a recebê-los, trocam alguns emails e combinam a estadia. Para participar, é preciso se cadastrar na rede, que já conta com mais de 4 milhões de participantes distribuídos em mais de 80 mil cidades ao redor do globo.
Isso significa que, ao entrar na rede, você vai estar aderindo a uma comunidade global de pessoas interessadas em intercâmbio cultural e dispostas a abrir a casa delas para te receber. Em todas essas cidades do mundo. E sem cobrar nada por isso. Bom demais para ser verdade?
O primeiro passo é se inscrever nesse site aqui. Após o registro, você será perguntado se deseja fazer uma contribuição para o site. Isso NÃO é condição obrigatória para fazer parte do Couchsurfing. Se você não deseja dar contribuição nenhuma, simplesmente vá para a próxima tela.
Em seguida, será solicitado que você preencha um extenso formulário contando sobre você, sua viagem, seus hobbies, seu cachorro, papagaio e periquito. Você tem a opção de simplesmente pular a maior parte dos itens, mas para ser bem sucedido na arte de surfar em sofás alheios é recomendável que você responda tudo de forma bem detalhada e simpática.
Lembre-se que seu perfil é o que vai causar a primeira impressão na pessoa e será decisivo para ela decidir se quer dividir o mesmo teto com você por alguns dias. Então, para que não haja dúvidas de que você é realmente uma pessoa legal e “de verdade”, poste também algumas fotos suas em diferentes situações.
É nesse formulário que você marca se também tem disponibilidade para receber alguém em sua casa e, caso positivo, você pode escrever um descrição do seu “sofá”, que pode também ser um quarto de hóspedes. Você pode falar sobre qualquer restrição que tenha, como você espera que os hóspedes se comportem ou pedir par que os interessados enviem um e-mail com informações mais específicas sobre eles.
Para ter uma ideia melhor sobre o tipo de informação que eu estou falando, você pode passear por alguns perfis antes de terminar de preencher o seu.

Como verificar seu perfil? 
Esse passo é opcional, uma vez que não é necessário verificar o perfil para usar o couchsurfing. No entanto, uma vez que você faz, qualquer pessoa que você contatar vai ter uma prova a mais de que você é você mesmo e não algum perfil fake. A verificação é importante, principalmente se você quiser fazer do Couchsurfing um estilo de vida.
Para isso, basta pagar uma taxa com seu cartão de crédito. Em algumas semanas você receberá, no endereço informado, uma correspondência com um código que vai servir para verificar seu perfil. Uma outra maneira é pedir aos seus amigos que fazem parte da rede  para deixarem comentários positivos sobre você. 
Agora que você tem um perfil turbinado, é hora de procurar por sofás mundo afora ou por pessoas que precisem de um lugar para dormir na sua cidade. Basta escolher no menu as opções “Surf” ou “Host” e digitar o nome da cidade no campo de busca. Você também pode definir diversos filtros para refinar as buscas por sexo, idade, número de pessoas viajando juntas, etc.
Navegue um pouco pelos perfis que aparecerem e leia até o fim antes de enviar um contato. Às vezes as pessoas pedem para você contar um história ou responder alguma pergunta para que elas possam saber mais sobre você. Além disso, não se esqueça de que você também não conhece aquela pessoa e quanto mais informações você tem sobre ela, maiores as chances de você se hospedar com alguém bacana. Escolha pessoas que tenham a ver com você e com o seu estilo de vida, tente sentir uma identificação prévia. 
Achou o sofá perfeito? Ótimo, agora é hora de solicitar a estadia. Escreva uma mensagem bem simpática para a pessoa e NUNCA envie mensagens padrão ctrl c+ ctrl v para todos os hosts. Não importa quantos pedidos você teve que escrever. Mostre que você leu o perfil da pessoa e achou interessante. Conte um pouco da sua história, explore pontos que você acha que pode ter em comum com ela. Se você tiver disposição, pode até criar um vídeo falando isso tudo. Lembre-se de que ninguém é obrigado a aceitar você na casa deles. Isso é, antes de tudo, um favor. 
Se tudo der certo e a pessoa quiser/puder te receber, vocês devem começar a trocar emails e combinar os detalhes. Seja bastante específico quanto às datas e horários de chegada e partida. Comunique o seu host imediatamente caso alguma coisa mude. Tenha anotado o nome, número de telefone e endereço e pergunte a melhor forma de chegar até a casa dele. Além disso, pesquise alguns hotéis próximos à área onde você vai ficar e anote os endereços, pois nunca se sabe quando o host vai ter um imprevisto e cancelar de última hora.
Se você vai receber alguém, prepare o sofá/quarto para a chegada da pessoa e faça o possível para dar instruções claras de como encontrar você. Afinal, estamos falando de estrangeiros visitando o Brasil, um país que sofre com problemas de transporte público, falta de placas e pessoas que podem dar informação em inglês.
É claro ninguém espera nada de você a não ser ceder sua casa, mas como você está fazendo isso pela troca cultural, seria legal se organizar para fazer algumas atividades com o seu hóspede, levá-lo para conhecer alguns lugares ou a comida local e mostrar para ele um pouco da nossa cultura. Lembre-se de que você será, provavelmente  a maior referência local dessa pessoa, então tenha também algumas dicas de coisas interessantes que ele pode fazer quando você não puder acompanhá-lo.
Se alguma coisa te deixar desconfortável, converse com seu anfitrião ou hóspede imediatamente. É provável que muitas situações estranhas e desconhecidas para você surjam por causa do choque cultural. Isso é comum e natural que aconteça, por isso é importante que vocês conversem para resolver esses problemas e ter uma experiência agradável para ambas as partes.
Quando tudo acabar, é hora de voltar ao site e contar para outros surfistas como foi. Caso a pessoa tenha sido legal, deixe um comentário positivo para que todos saibam que vale a pena receber ou se hospedar com aquela pessoa. Isso ajuda a tornar a rede mais segura e confiável. Da mesma forma, se sua experiência foi catastrófica, não deixe de contar ao Couchsurfing o porquê.
Em geral, sim. A maioria das pessoas inscritas no Couchsurfing são como você: viajantes ávidos por conhecer outras culturas. Não vou dizer que não existem riscos, mas a maioria deles podem ser minimizados caso você siga as regras da comunidade, seja cauteloso na hora de escolher seus sofás e, como tudo nessa vida, tenha uma boa dose de bom senso. 
Como hospedagem era algo relativamente caro em Kuala Lumpur, resolvemos testar o couchsurfing pela primeira vez. Acabamos na casa da Chiew, uma malaia de ascendência chinesa que, apesar de ser de poucas palavras, foi um amor de anfitriã.
Combinamos de ir de taxi até a casa dela, mas ela estava no aeroporto para nos receber quando nosso voo chegou. No dia seguinte, nos levou a alguns dos principais pontos turísticos da cidade e em lugares longínquos e que eram difíceis de chegar mesmo com o ótimo sistema de transporte público da cidade. Apresentou alguns aspectos da cultura local, como o bizarro fato de que eles comem macarrão no café da manhã, e fez a gente provar durian, aquela fruta esquisita e mal-cheirosa que é super popular no sudeste asiático.
O que eu quero dizer com isso tudo é que sim, vale a pena utilizar o couchsurfing. E não é apenas pela economia que ele proporciona, mas porque, ao nos hospedarmos na casa da Chiew, chegamos o mais perto que podíamos de uma imersão cultural para alguém que passou apenas quatro dias na cidade. Conhecemos muito da cultura malaia por meio dela e mostramos para ela um pouco da nossa. Tenho certeza que ela ficou com vontade de conhecer o Brasil e, no dia que ela vier, com certeza vai ter um sofá esperando por ela.

Informações e foto: http://www.360meridianos.com/2013/02/couchsurfing 




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