Nunca pensei que escreveria sobre isso. Nunca pensei em ver o que vi. Mas, desde ontem, quando assisti a um vídeo que me enviaram - sobre um acidente que ocorreu no Aracati/CE, não consigo diminuir a angústia. Um sentimento inexplicável. Assim como o acidente.
A escrita além do desabafo serve para alertar as pessoas que não andem com a cabeça para fora dos veículos, sobretudo crianças e jovens.
Uma jovem de 14 anos estava dentro do ônibus escolar quando colocou a cabeça para fora com intuito de chamar colegas atrasados. Nesse momento a cabeça se chocou com um poste, e assim ela foi decepada. Ficando a cabeça no chão - na calçada, e o corpo dentro do ônibus.
Aposto que quem estiver lendo está passando mal. Foi um horror. Uma tristeza.
Uma garota de 14 anos, cheia de sonhos! Estavam todos ali interrompidos. Nos causa estranhamento, dor, impotência. E aqui faço uma reflexão – ou melhor, uma constatação: Aracati, as pessoas do Aracati não mereciam mais esse padecimento.
Aracati hoje é forte candidata a entrar para o Guinness como a cidade mais abandonada. Um lugar que convivemos diariamente com a falta de cuidado. A ausência de calor humano.
As pessoas andam nas ruas - em todos os lugares, em busca da capacidade de contemplação. O encantamento não existe. Mas elas acreditam e procuram. A cidade pulsa isso. Pessoas fortes, que procuram razões para adocicar suas vidas. E aqui uso os versos de Ivan Lins: “Nada de correr da raia! Nada de morrer na praia! Nada de esquecer!". E assim elas vão vivendo!
Esse acidente quebrou o ritmo da cidade não só ontem, mas para sempre. Haverá sempre na lembrança de cada um a brevidade da vida. A dor que se transforma em ensinamento. Daqui por diante acredito que haverá um esforço por dias melhores. Por dias que voltem o encantamento no Aracati. Por dias suaves.
E a certeza: “ Entre sobreviver e viver há um precipício, e poucos encaram o salto.” [Martha Medeiros]
Que o salto seja para a paz, para dias melhores. Que os bons ventos sejam efetivamente bons!
Deixo aqui meus sentimentos e carinho, a jovem, a família, a todos desse lugar que aprendi a chamar de meu.
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