quinta-feira, 7 de julho de 2011
7 de julho de 1990 – Brasil se despede de Cazuza
Havia meses que o menino “exagerado” da Zona Sul carioca despira a fantasia sonhadora, irreverente e boêmia que o acompanhou durante a sua curta e intensa vida. O menino virara adulto. Sua figura exuberante deu lugar ao aspecto desamparado, à silhueta magérrima que lhe acompanhou até o fim, anunciado três anos e meio antes, quando a AIDS lhe mostrou a sua cara. Numa era em que a AIDS era tabu, Cazuza pregava a liberdade sexual, a multiplicidade de parceiros, a liberalização das drogas. A doença lhe deu um golpe certeiro, do qual nunca se recuperaria.
Sem nomeá-la, ele falava com sinceridade sobre a sua debilidade física. “A pior sensação da doença, para mim, foi a de estar vivo, mas sem nenhuma energia. Tudo cansa, tudo é chato, tudo dói. E precisei criar um Deus em mim”, declarou em uma entrevista ao JB no ano anterior.
Assim que os médicos lhe confirmaram o HIV positivo, ele foi recomendado a tomar rigorosamente os remédios e não cair na boemia, coisa que não conseguiria cumprir: “Sou meio vira-lata, curto demais um Jack Daniels, e viver bem para mim é sair por aí encontrando gente e bebendo, até não agüentar mais”. Ao contrário das outras celebridades que foram embrulhadas pelo manto da AIDS, Cazuza se expôs, continuou a frequentar todas as estréias de shows do Rio, e se tornou uma bandeira indissociável do combate a essa epidemia.
Cazuza subiu aos palcos pela primeira vez em 1980, no Circo Voador, iniciando uma carreira que seria marcada por sucessos, excessos, provocações e paixões. O cantor rompeu as fronteiras entre o rock e a MPB. Em letras de grande vivacidade e romantismo, Cazuza conquistou o Brasil. Após a doença, suas composições passaram a ser viscerais, doloridas, violentas e, ao fim, políticas. Ele foi poeta, cantor, um personagem de sua própria história.
Informações: JBHistória
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