'(...) Ela – de quem Caetano uma vez disse, e tudo que ele diz eu fico atento, ser a nossa mais perfeita tradução. Bracejando no mar de adrenalina da Paulista, comprei o disco de Rita Lee. E meu velho sangue roqueiro de dinossauro pop tornou a ferver. A velha senhora indigna, dessa geração que descobriu um poço de desejos debaixo do travesseiro no Reino das Águas Claras, continua com seu humor diabolicamente inteligente. Wow!
Não posso viver sem Sampa, não posso viver sem Rita. (...) Rita e São Paulo. Pauleira, barulheira, gritaria: high-speed. E sem que ninguém espere, um interior bossa-nova, de luz baixa e som mansinho. Oh paulistanos de nervos repuxados como a cara das atrizes que se recusam a envelhecer, ouçam Rita Lee. Ela nos ensina o jeito de lidar com esta cidade onde você às vezes vegeta, às vezes é canibal. Audaciosa, perniciosa, tinhosa e hórrorosa como a Drag Queen de Antônio Bivar; necessitada de mais tempo, dinheiro e amor para matar o dragão; erótica e violentamente zen na sabedoria que só pterodáctilos feito ela (e eu? e eu?) estão cansados de saber que “nada tem fim, as coisas só se transformam”, mãe de família filósofa desbundada sobrevivente mutante: preciso de Rita como preciso desta cidade. Espelhos, paradisíaco inferno, refletindo meu avesso.' CaioFAbreu
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