quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Luxo é sentir os lugares



“A franja da encosta 
Cor de laranja 
Capim rosa-chá 
O mel desses olhos luz 
Mel de cor ímpar
” [Caetano Veloso]

Inicio parafraseando, Caetano Veloso, que cantou em seus versos que cada lugar é ímpar.
Em “Trem das Cores”, sabiamente e sensivelmente, Caetano nos diz: “Azul que é pura memória de algum lugar”!
Isso é poesia e realidade. Cada lugar tem a sua marca, sua cara, que fica em nossa memória. A construção dos lugares é contínua. Por isso, cada um traz marcas do passado. Nas ruas, na arquitetura, na culinária, na religião. Em cada canto, em cada conto de seus habitantes testemunhamos a beleza de ser um! 
Recorro a Caetano, novamente: “Milhões e cada um é um
Milhões e cada um é só”.
Existe coisa mais bonita que isso? Ser o que é?
É preciso parar com essa mania, feia, fora do tom de roubar a identidade de outros lugares. É uma pobreza dizer: “Veneza brasileira”, "Polinésia brasileira"; ou “estou me sentindo em outro lugar”!
Os lugares tem sua história e identidade. O verdadeiro viajante – e aqui nem quero usar a palavra “turista” – porque o viajante, viaja! Viaja dentro e fora dos lugares. Ele não vai à Bahia para ver Bali. Ele quer ver a Bahia, com sua gente, suas cores, seus sabores, seus batuques e seus aromas.
O que escrevo hoje é conteúdo das minhas aulas. Passo para os alunos que não neguem os lugares. Isso cria o “não lugar”. Além de ser um desrespeito aqueles que constroem a sua vida todos os dias.
Portanto, finalizo com Rita Lee: “Eu conheço essa cara
Essa fala, esse cheiro
E que assim, seja sempre, o nosso reconhecimento dos lugares.

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