Meu querido amigo o Jornalista Tony Pacheco escreveu no blog dele: http://osinimigosdorei.blogspot.com/ Eu quero a ponte- Salvador/Itaparica, é muito saudável esse debate agora. Tenho meus receios e são muitos. Não sou como Tony, com todo respeito que tenho as opiniões dele, ainda é preciso muita coisa ser analisada.
Vejam o que acontece com um dos icones do turismo no mundo:
“Moradores de Veneza realizam neste sábado uma manifestação na qual farão o "enterro" da cidade, com o objetivo de alertar para o declínio demográfico que, segundo os moradores, é causado pelo turismo em massa e a falta de moradia e trabalho na cidade.
Nos últimos anos, 40% do artesanato de qualidade desapareceu por causa do impacto desta modalidade de turismo. E muitos lojistas vendem produtos chamados"venezianos", porém feitos na China.
O custo de vida nas alturas leva muitos moradores a trocarem de cidade ou a transformarem os próprios imóveis em pensões para acolher os viajantes de passagem.
Antigas lojinhas locais tradicionais dão lugar a vitrines de grifes globalizadas de luxo e a sofisticadas galerias de arte. Na vizinha ilha de Murano, famosa pela produção de artigos em vidro, as fundições fecham as portas em nome da especulação imobiliária.
O assessor do Turismo da Prefeitura de Veneza, Augusto Salvadori, reconhece o problema."Modernizar Veneza é uma tarefa muito difícil. Temos que respeitar o contexto arquitetônico, histórico e artístico. Temos que investir em Veneza mas as leis de urbanismo não são suficientes. Queremos que muitos venezianos voltem a morar aqui e vemos uma grande vontade do investidor privado em ajudar neste relançamento", disse ele à BBC Brasil.”
A ponte depois de pronta precisa oferecer uma sintonia entre os moradores e a nova realidade. É preciso um trabalho de sensiblização e capacitação anterior. Muito anterior. A ponte irá trazer aproximação dos lugares, porém é necessário que os moradores não sejam afastados do seu lugar, que não se transforme no “não lugar”, com espaços padronizados através da especulação imobiliária.
Que os moradores sejam informados e participem das intervenções que irão acontecer e que serão muitas.
Caso contrário será mais uma ilusão que só beneficiará aos grandes empresários que por sua vez trarão mão-de-obra de fora. E que a ilha não siga o mesmo caminho de Veneza.
É preciso muita gente do bem num projeto desses, que não seja apenas eleitoreiro. As consequências podem ser irreversíveis.
4 comentários:
É o descaminho em nome do desenvolvimento. Um perigo.
Valeu meu amor. Já está lá no nosso blog a sua opinião, sempre com fundamentação de turismóloga.
Abraços e obrigado!
Excelente análise. Vale ressaltar que a comunidade além de ser informada, deve ser consultada também, pois, só a população nativa sabe o que é melhor para o seu lugar. Lembrando também aqueles que sobrevivem dos traslados de Salvador para Ilha, que impactos terão na vida dessas pessoas?. Além do mais, temos que ser rigoros quanto a questão ambiental, estamos vivenciando os resultados de ações inconsequêntes ao meio ambiente. Deus perdoa sempre, o homem as vezes, mas a natureza não perdoa nunca...
Iane Sampaio
Alem desses aspectos acho que seja necessário pensar sobre a capacidade de carga. Estive no carnaval nesta região e o que se observa e a ilha invadida por turistas de todos os cantos, mas o que acontece é um super lotação onde muita das vezes falta energia e também água, pelo menos onde eu fiquei. Para pegar o ferry todos dizem que é uma fila enorme que passa horas para poder compar. a passagem quando consegue. Mas acho necessário analisar se a região terá capacidade de receber tantas pessoas, para que não acabe sendo esgotado os recursos naturais.
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