Minhas férias
Decidi passar as férias no nordeste. Como eu fechei um pacote, o horário escolhido para a viagem foi às 00h40.
Saio de casa por volta de uma hora e meia antes do voo pra poder dar tempo.
São por volta de 23h10, quando um cara me para na rua:
- Cara, que legal! Você é do CQC?
- Sim, sou eu.
- Então me passa a carteira.
Bacana começar a viagem de férias sendo roubado. Mil reais em dinheiro e minha carteira de motorista. Mas o intrigante é a pergunta seguida da ordem: "Você é do CQC, então me passa a carteira". Isso abre um precedente. Pessoas que trabalham no CQC tem que dar suas carteiras.
Chego no aeroporto de Guarulhos 50 minutos antes.
Pausa para explicação: Nunca ando com meu RG, só com minha carteira de motorista. Pra se fazer o check-in, eu preciso de um documento com foto, portanto...
Dando a minha viagem por perdida, me falam que eu posso fazer o BO na Polícia do aeroporto para tentar embarcar.
Entro na delegacia o delegado e os outros policiais TODOS:
- Pequeno Pônei!!!
Situação peculiar entrar numa delegacia e encontrar homens da lei às 00h05 me chamando entusiasmadamente o meu apelidinho.
Um dos policiais liga pra filha dele e pede pra eu falar com ela. Respondo as perguntas do roubo e sobre o CQC ao mesmo tempo.
Terminado o BO, consigo embarcar sem problemas. 3 hora de viagem.
Chego às 4 da matina em Natal e fico sabendo que o city tour é às 11h30. Com um pouco de sofrimento, decido não ir no city tour porque eu quero dormir até tarde pra dar uma desestressada do dia anterior.
Vou tomar banho. Demoro cerca de, sem exagero, 40 minutos pra acertar o ponto da temperatura do aquecedor do chuveiro. Só consigo mesmo ir dormir às 6h por causa de um inferno de um chuveiro.
Na alta estação, os hotéis tem vários serviços para distrair seus hóspedes, um deles é o recreador.
Esta pessoa me pega o microfone às 9 da manhã e começa a gritar:
- Quem tá feliz? Quem tá sentindo o verão? Quem quer fazer uma hidro animada?
Ele se esquece de perguntar quem quer continuar dormindo. Se perguntasse eu responderia da minha cama e ele ouviria mesmo estando lá na piscina.
Calypso, De Ja Vu, Calcinha Preta e outras pérolas deste cancioneiro brasileiro atual estouram meus tímpanos, mesmo eu socando o travesseiro na orelha.
Por livre e espontânea vontade acabo levantando e eu vejo este recreador que, se juntasse a Joelma, a Claudia e a Ivete, não ia dar o calcanhar deste cara. Show man total. Canta, dança, faz contorcionismo e malabarismo. Só não faz pirofagia porque o sol já tá bem quente.
Meu contador me liga dizendo que eu preciso fazer um depósito pra alguns impostos que eu esqueci de pagar. Vou até a agência mais próxima porque o valor excede o meu limite pra fazer pela internet.
No caixa, o rapaz me diz:
- Documento, por favor.
- Sem documento é impossível fazer?
- Próximo!
Vou até o atendimento de clientes, explico a situação e digo que esqueci o BO no hotel. O gerente não quer me deixar fazer o TED porque não tenho como provar que eu sou eu...
Eu digo:
- Não é pra me gabar nem nada, mas se é por uma questão de eu não ter um documento com foto, eu faço um programa de tv chamado CQC. Se digitar meu nome na internet, vão aparecer várias fotos minhas aí.
- É, mas você pode ser uma pessoa muito parecida com ele. Temos que nos assegurar. É como no caso da Capitu e do Bentinho no Dom Casmurro. Tudo levava a crer, mas não dava pra saber.
Uma hora e meia depois consego provar que eu não sou nem o Bentinho nem a Capitu.
Ainda não acabou a viagem. Isso me faz pensar que as coisas podem piorar. Eu ainda posso pegar uma insolação, desidratação ou um dos cinco malabares do recreador cair na minha cabeça. Ou todos!
Fonte: http://blogoscarfilho.zip.net/
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
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