"As políticas sociais são tentativas de melhorar a convivência humana. Se a dinâmica gera desigualdades, esses projetos tentam compensar e corrigir os desvios. Um governo está atento, quando ele promove ações que busquem o controle e promovam a paz social. Essa tendência deve ser recebida com alegria e espera-se que os frutos não demorem a chegar.
Fico preocupado quando observo, no Brasil, a lentidão dessas práticas bem como o princípio que as norteiam. Sendo claro: estamos sempre atrás do prejuízo. Alguns exemplos: a política de apoio à infância é sempre corretiva. Luta contra as crianças agredidas. Luta contra o trabalho infantil. Luta contra a pedofilia. Apelos para que façamos denúncias. Anônimas e explícitas. Luta contra a violência doméstica.
No campo conjugal prevalece a denúncia contra os maridos violentos. Criamos delegacias de defesa da mulher. A Lei Maria da Penha, que só fala em punição aos machos brabos e cadeia aos renitentes.
Os idosos, igualmente, são defendidos contra a violência de familiares e da rua. Apelam para denúncias de maus tratos aos velhos. Números de telefone à disposição. Processo na Justiça contra os agressores.
Tudo gira em torno do perseguir o errado, numa cruzada de Brancaleoni. O foco é corretivo. Estamos correndo atrás dos prejuízos. Viramos uma sociedade do ajeita aqui, arruma acolá. Tapa buracos. Não realizamos campanhas preventivas. Por isso, os exemplos que avultam na mídia, todos os dias, referem-se a denúncias, a casos escabrosos, a crimes revoltantes.
Precisamos inventar outra maneira de construir a sociedade
Nem muito menos projetos educativos. Os movimentos não são propositivos, mas correcionais. Nada que estimule iniciativas construtivas. Viramos uma sociedade do culto à cadeia e não a escola. Os governantes ficam felizes quando colocam mais polícia na rua e, tratam os professores de chibata nas mãos...
Precisamos inventar outra maneira de construir a sociedade"
Antonio Mourão Cavalcante - Médico e antropólogo. Professor Universitário
sábado, 4 de julho de 2009
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